sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Boletim nº86, 18/12/2011

Humildade e sabedoria na convivência cristã missionária

“Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria. Contudo, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disso, nem neguem a verdade. Esse tipo de ‘sabedoria’ não vem dos céus, mas é terrena; não é espiritual, mas é demoníaca. Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males”  Tg 3.13-16


Desde o início do capítulo Tiago vem tratando da importância de uma linguagem consagrada ao Senhor, da necessidade de aprendermos a dominar a nossa própria língua e de ver nas coisas que dizemos (tanto em sua forma como em seu conteúdo) uma expressão da vida de Deus em nós. Agora, sem que haja nenhuma mudança radical de tema, o autor menciona uma das implicações mais importantes do uso da língua, e o faz respondendo à seguinte pergunta: “quem é sábio e tem entendimento entre vocês?” Pode parecer claro a muitos de nós que o sábio e o entendido é aquele que tem acumulada uma enorme quantidade de informações que podem ser manuseadas de forma a torná-la útil o máximo possível. Entretanto, a resposta dada por Tiago segue por outro caminho muito diferente: o sábio é aquele que demonstra a sua sabedoria através de uma boa conduta e por meio de obras concretas fundamentadas na humildade que recebe da própria sabedoria que tem.

Nesse sentido, a verdadeira sabedoria é transformadora, ela muda a forma como entendemos a vida, nos leva a reconhecer que Deus está por cima de todos e de todas as situações, nos leva a viver dia a dia de forma coerente com essa grandeza (a isso Tiago chama de humildade). A verdadeira sabedoria, portanto, necessariamente se traduz em obras, atitudes e decisões. De forma mais específica nestes versos, Tiago nos ajuda a ver que a sabedoria de Deus transforma os nossos relacionamentos humanos, gerando parâmetros que se destinam a criar uma nova plataforma a partir da qual possamos conviver como povo de Deus. Antes, portanto, de apresentarmos os elementos da sabedoria que geram essa convivência fraterna e comprometida (3.17-18), vemos como Tiago nos aponta os problemas que a falsa sabedoria (na que somente buscamos nossa própria felicidade e interesses pessoais) sempre nos traz. De acordo com ele, abrigar no coração “inveja amarga e ambição egoísta” produz “confusão e toda espécie de males” tanto em nossa vida pessoal como em nosso meio marcando a convivência com o pecado humano. Tais coisas podem ser, claramente, classificadas como contrárias à sabedoria de Deus, pois se tratam de uma sabedoria meramente humana e, segundo Tiago, até mesmo demoníaca.

A verdadeira sabedoria de Deus começa quando compreendemos tais coisas e confessamos a Deus, sinceramente, as nossas intenções e ações, buscando diariamente a humildade e uma boa conduta em relação às demais pessoas. A mutualidade entre os irmãos na vivência dos princípios da sabedoria é um dos fundamentos que sustentam a igreja em todos os embates que sofre. Nesse sentido, viver a convivência cristã ou mutualidade entre os irmãos vivida com humildade e sabedoria se transforma em uma poderosa, persistente e permanente força evangelizadora e missionária, pois dessa forma a graça redentora de Cristo pode ser visualizada em nossas vidas diárias como pessoas e igrejas. Humildade e sabedoria na convivência cristã diária é, sem dúvida, um dos elementos que fundamentam a ação missionária da igreja no mundo.

Texto do Rev. Carlos del Pino


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